
O PODER DA MÍDIA.
Verdadeiramente vivemos em tempos onde a opinião não se constitui unicamente da pura e simples experiência pessoal, mas, muito se comenta daquilo que se ouve e se vê nos meios de comunicação, falados ou escritos.
A mídia tem sido um forte condutor na veiculação dos mais diversos fatos sociais, bem como tem se tornado um grande suporte para que a população possa ter algum liame com o Poder Público constituído.
Esse poder do vernáculo, empregado com todas as suas nuances de hermenêutica, por vezes duplicada, faz com que a imprensa assuma um papel fundamental na formação da opinião pública.
Não se questiona que a informação é uma condição essencial para que um povo alcance a evolução nos inúmeros aspectos da vida humana. Porém, esse “Poder” quando mau empregado, ou ainda, quando trabalhado para favorecer certos grupos, pode corroer com ferocidade os mais nobres interesses de um povo.
O que temos observado é que no dia-a-dia, o bom jornalismo, ou seja, a notícia veiculada sem emoção, sem parcialidade, tem perdido espaço ao sensacionalismo barato e pouco aproveitável, onde apenas uma pequena parcela da população – que a duras penas saciou a sede da cultura e do conhecimento nos assentos universitários – é que consegue perceber esta manobra voraz que pouco contribui para o engrandecimento cultural da sociedade como um todo.
Ao contrário, a grande massa se deixa levar em meio aos apelos contínuos de “jornalistas”, que mais se parecem com animadores de programas de auditório, narrando com voz enfática e alucinante, roubos, estupros e homicídios, como se tais calamidades sociais fossem os fatos mais importantes do cotidiano pátrio. Estes “profissionais” fazem da desgraça humana, um verdadeiro espetáculo, cujo cenário sangrento é entregue gratuitamente aos telespectadores, que são hipnotizados com o replay frenético da mesma imagem.
Por óbvio que o cidadão precisa ter conhecimento sobre os acontecimentos criminais de seu país, de sua região, mas muito mais importante do que saber sobre quem matou ou quem morreu, é saber que muitos morrem vítimas da corrupção que invade o meio político e judiciário que comandam este gigante chamado Brasil.
Destarte, garantir a liberdade de expressão é uma segurança fundamental à democracia, porém é preciso ter responsabilidade para que outros Direitos fundamentais, como a honra, a imagem e a presunção de inocência não sejam vilipendiados.
Há uma linha muito tênue entre a divulgação da informação e o prejulgamento, que lamentavelmente tem ocupado as manchetes, como um meio ardil de se obter a audiência da programação, custe o que custar.
Sabe-se que o Direito regula a vida em sociedade, porém, nem sempre a prestação jurisdicional recupera a imagem altamente explorada e desgastada de um fato ou pessoa envolvida, numa ou em outra ocorrência.
Daí então, surge a necessidade de uma atitude responsável do jornalista, que não pode perder sua independência nem seu senso crítico, mas deve saber que sua opinião pode alterar o futuro da história, seja individual ou coletiva.
Neste condão, surge a necessária aplicação da régua do bom senso e da ética, que servirá de sustentáculo para o tracejar da notícia, que poderá atingir os mais infinitos pontos desta obra de arte chamada sociedade, que merece ser desenhada sem manchas ou rasuras!